O Ministério da Saúde anunciou, nesta quinta-feira, 3 de julho de 2025, a incorporação do implante contraceptivo subdérmico de etonogestrel, conhecido como Implanon, ao Sistema Único de Saúde (SUS). A partir do segundo semestre deste ano, o dispositivo estará disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país.
A medida, aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) em reunião realizada em 2 de julho, representa um avanço no acesso a métodos contraceptivos modernos e de longa duração para a população brasileira.
O que é o Implanon e como funciona o implante contraceptivo?
O Implanon é um método contraceptivo reversível de longa duração (LARC, da sigla em inglês), com eficácia de até três anos. O dispositivo, um bastonete flexível de 4 cm, é inserido sob a pele do braço por profissionais de saúde treinados e libera continuamente o hormônio etonogestrel. Esse hormônio impede a ovulação e dificulta a passagem dos espermatozoides, garantindo proteção anticoncepcional de alta eficácia (taxa de falha inferior a 0,1% ao ano).
Vantagens do Implanon em relação a outros métodos contraceptivos
- Duração prolongada: até 3 anos de eficácia sem necessidade de lembranças diárias.
- Alta eficácia: comparável à laqueadura tubária, mas com reversibilidade.
- Rápida reversibilidade: após a retirada do implante, a fertilidade é retomada rapidamente.
- Discrição e conforto: o dispositivo é quase imperceptível e não interfere no cotidiano.
Segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), representada pela médica Maria Celeste Osório Wender, “o Implanon é um método duradouro, com alta eficácia e boa adaptação, que não interfere no comportamento da paciente”.
Como será a distribuição gratuita do Implanon pelo SUS?
De acordo com o ministro Alexandre Padilha, a previsão é que sejam distribuídas 1,8 milhão de unidades até 2026, sendo 500 mil implantes apenas em 2025. O investimento federal estimado para a ampliação da oferta é de R$ 245 milhões. Atualmente, o Implanon está disponível apenas na rede privada, com valores entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por unidade, tornando o acesso restrito a quem pode pagar pelo método.
A inclusão do Implanon no SUS representa um avanço na democratização do acesso a métodos modernos de planejamento reprodutivo, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Implementação e etapas para a oferta do Implanon pelo SUS
A Secretaria de Atenção Primária à Saúde será responsável por coordenar o processo, que inclui:
- Elaboração da portaria oficial de incorporação
- Definição de diretrizes clínicas para uso do Implanon
- Compra e distribuição dos implantes às Unidades Básicas de Saúde
- Capacitação de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros habilitados) para inserção e remoção do implante
Após a publicação da portaria, as áreas técnicas terão até 180 dias para concluir todas as etapas e garantir a oferta do método em âmbito nacional.
Quem poderá usar o Implanon no SUS?
O público-alvo principal será definido por diretrizes clínicas elaboradas pelo Ministério da Saúde, baseadas em evidências e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). O método é indicado principalmente para mulheres em idade fértil que desejam contracepção de longa duração, incluindo adolescentes, mulheres com contraindicações a estrogênios e grupos de maior vulnerabilidade.
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), enfermeiros devidamente capacitados também poderão realizar o procedimento de inserção e retirada, ampliando o acesso e a capilaridade do serviço.
Outros métodos contraceptivos oferecidos atualmente pelo SUS
O SUS já oferta uma ampla variedade de métodos anticoncepcionais gratuitos, como:
- Preservativos masculinos e femininos (os únicos que protegem contra ISTs)
- Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre
- Pílulas combinadas e de progestagênio
- Injetáveis mensais e trimestrais
- Laqueadura tubária e vasectomia
Até então, o DIU de cobre era o único LARC disponível na rede pública. Com o Implanon, o Brasil amplia o leque de métodos reversíveis de longa duração, atendendo demandas históricas por maior autonomia reprodutiva.
Impacto do Implanon nas políticas públicas de saúde e planejamento reprodutivo
A oferta do Implanon pelo SUS representa um avanço significativo na agenda de saúde pública, alinhando o Brasil aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Entre as metas, destacam-se a redução da mortalidade materna em 25% no geral e em 50% entre mulheres negras até 2027, além do fortalecimento das ações de planejamento reprodutivo, direitos sexuais e reprodutivos e combate à gravidez não planejada.
A ampliação do acesso a LARCs como o Implanon é reconhecida internacionalmente como uma das estratégias mais eficazes para garantir maior autonomia para as mulheres, redução de desigualdades e promoção da saúde integral.
Próximos passos: quando o Implanon estará disponível nas UBS?
A publicação da portaria de incorporação está prevista para os próximos dias. Após a publicação, as Unidades Básicas de Saúde terão até 180 dias para iniciar a oferta do implante contraceptivo. A expectativa é que o acesso ao Implanon esteja disponível em todo o território nacional até o final de 2025, com distribuição progressiva conforme a logística de compra e capacitação dos profissionais.
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