O Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora), localizado em Goiânia, deu início nesta segunda-feira (09) ao atendimento de sua ala pediátrica para tratamento de câncer. A unidade pública, totalmente voltada ao Sistema Único de Saúde (SUS), recebeu os primeiros 12 pacientes com idades entre 0 e 17 anos, marcando o início da fase de funcionamento assistencial do hospital, que tem previsão de inauguração completa em julho. O atendimento está disponível 24 horas por dia, com ambulatório funcionando das 7h às 19h nos dias úteis.
Estrutura moderna e atendimento especializado
O Cora foi concebido para ser um centro de referência nacional, com base no modelo do Hospital de Amor, de Barretos (SP), e já conta com uma estrutura de 115 espaços de cuidado, incluindo enfermarias, centro cirúrgico, pronto-socorro, hospital-dia, ambulatórios, setor de infusão e radiologia. A ala pediátrica possui 60 leitos, sendo 48 de internação e 12 de observação, além de UTIs especializadas e leitos para transplante de medula óssea.
A estrutura foi pensada para atender com padrão internacional de qualidade. Entre os diferenciais, o hospital possui um equipamento de ressonância magnética com inteligência artificial acoplado ao centro cirúrgico, permitindo diagnósticos mais rápidos e intervenções mais precisas.
Capacidade e metas de atendimento
Inicialmente, a ala pediátrica terá capacidade para atender até 400 novos casos de câncer infantojuvenil por ano. A previsão é de realizar, mensalmente, cerca de 312 cirurgias, 700 consultas, 264 sessões de quimioterapia e até 50 atendimentos de urgência. A expectativa é de crescimento gradual da ocupação dos leitos à medida que a inauguração total da unidade se aproxima.
A equipe que atua no complexo é composta por 275 profissionais capacitados, com parte do treinamento realizado no Hospital de Amor. O corpo técnico é multidisciplinar, formado por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, odontólogos, fonoaudiólogos, farmacêuticos e assistentes sociais.
Investimento e gestão
A construção e estruturação do Cora já consumiram R$ 192,7 milhões em obras civis e R$ 63,2 milhões em equipamentos, totalizando cerca de R$ 256 milhões. Parte dos recursos que não foram utilizados será devolvida ao Tesouro Estadual, conforme explicou Henrique Prata, presidente da Fundação Pio XII, entidade responsável pela gestão da unidade em convênio com o governo estadual.
O governador Ronaldo Caiado (UB) destacou o ineditismo do projeto, afirmando que não há nenhum hospital privado no país que ofereça, de forma gratuita via SUS, o mesmo nível de estrutura e atendimento disponibilizado pelo Cora. Ele ressaltou ainda que a obra foi concluída em dois anos e um mês após a terraplenagem, embora a negociação para a cessão do terreno da Embrapa tenha levado três anos.
Humanização e impacto social
A inauguração da ala pediátrica já está transformando a rotina de diversas famílias. Flávia Garcez, mãe da pequena Sofia, de 4 anos, que enfrenta um neuroblastoma, comemorou a transferência de Barretos para Goiânia. “Era muito difícil ir e voltar. Agora, ter aqui toda essa estrutura, sem ter que sair de casa, é um presente”, disse emocionada.
Outra mãe, Fabíola Rocha, de Aparecida de Goiânia, também comemorou a transferência do filho Gael, de 4 anos. “Agora, com ele sendo tratado aqui, não preciso mais viajar para lá, onde não tinha ajuda nenhuma”, afirmou.
Pelo menos oito crianças já foram transferidas do Hospital de Amor, referência nacional, para continuar o tratamento oncológico no Cora.
Próximos passos e expansão
A inauguração oficial do hospital está prevista para julho, mas a ativação da ala pediátrica já representa um avanço significativo na ampliação do acesso ao tratamento oncológico especializado em Goiás. Na próxima etapa, o complexo também passará a atender pacientes adultos com câncer, inclusive com oferta de radioterapia, consolidando-se como um dos principais polos de oncologia pública do país.
Com a ativação parcial da unidade, Goiás dá um passo importante na descentralização do tratamento de câncer e na redução dos deslocamentos para centros de referência em outros estados. O Cora se firma como uma alternativa acessível, moderna e humanizada para o tratamento do câncer, especialmente entre crianças e adolescentes.
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