O governador Ronaldo Caiado sancionou em 6 de junho de 2025 a Lei Estadual, que institui a Rede de Atendimento à Saúde para Caminhoneiros em Goiás. Com estrutura em cinco eixos – médico, odontológico, exames, psicossocial, prevenção e urgência – a rede será articulada pelo SUS estadual, com parcerias para dar suporte à categoria, que reúne cerca de 60 mil trabalhadores no estado.
O projeto, de autoria do deputado Mauro Rubem (PT), nasce da constatação de condições precárias enfrentadas por caminhoneiros: longas jornadas, dificuldade de acessar serviços básicos e exposição a riscos diversos. Dados do Caged mostram que a saúde de cerca de 60 mil motoristas em Goiás está vulnerável.
O deputado argumentou que a falta de estrutura adaptada às suas necessidades não só prejudica a qualidade de vida desses profissionais, mas também impacta a segurança nas rodovias. A nova legislação, segundo Rubem, impulsiona a inclusão social de trabalhadores historicamente negligenciados.
Estrutura funcional da Rede de Saúde
A rede se baseia em cinco eixos:
- Atendimento médico e odontológico
- Exames laboratoriais e de imagem
- Assistência psicológica e psiquiátrica
- Ações de prevenção de doenças e promoção da saúde
- Atendimento de urgência e emergência
Para isso, serão utilizados postos fixos, unidades móveis e convênios com clínicas e hospitais, integrando unidades do SUS.
Prazos de implantação e normativas
De acordo com a lei, o governo estadual dispõe de 90 dias, a partir de 6 de junho, para definir critérios e plano de implementação da rede, alinhado às normas do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Saúde.
Essa etapa define a operacionalização: onde estarão unidades móveis, como serão firmados os convênios e quais os fluxos de atendimento.
Diversas iniciativas já demonstram a viabilidade de atendimento à saúde de caminhoneiros:
- Em 2021, o Ministério da Saúde repassou R$ 330 mil para 11 municípios com Pontos de Parada e Descanso (PPDs) certificados, totalizando 45 entes federados apoiados, com ações como aferição de pressão, testes rápidos, glicemia, IMC e distribuição de Cartão de Saúde do Caminhoneiro.
- A ANTT e a CNTA conduziram pesquisa que identificou necessidades em PPDs, como chuveiros, áreas de descanso, Wi‑Fi, vigilância e serviços de saúde – 75% dos PPDs já ofereciam essas facilidades.
- O app InfraBR, do Ministério da Infraestrutura, implementou questionário para levantar condições de saúde da categoria.
Essas experiências apontam para modelos integrados, que combinam estrutura física, tecnologia e acolhimento.
Com 60 mil caminhoneiros no estado, a rede tem potencial para:
- Reduzir o descompasso entre tempo de trabalho e acesso à saúde
- Diminuir condições crônicas não tratadas e agravos psiquiátricos
- Otimizar resposta em urgências rodoviárias
- Aumentar segurança nas estradas e reduzir sinistros
Unidades móveis e fixas nos principais corredores logísticos terão papel fundamental para essas metas.
Desafios e próximos passos
Diagnóstico e planejamento: definir onde instalar unidades, quais rotas priorizar e com quais clínicas firmar convênios.
Recursos e gestão: definir orçamento e equipe, além de integrar sistemas com o SUS estadual.
Monitoramento e avaliação: criar indicadores como número de atendimentos, retorno de exames e redução de emergências atendidas.
Engajamento da categoria: envolver sindicatos e associações (CNTA) no processo, garantindo aderência e uso da rede.
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