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Pires do Rio

Fechamento de rota do petróleo no Oriente Médio deve encarecer do combustível à energia no Brasil

Fechamento de rota do petróleo no Oriente Médio deve encarecer do combustível à energia
Fechamento de rota do petróleo no Oriente Médio deve encarecer do combustível à energia no Brasil (Foto: Reprodução)

O parlamento do Irã aprovou, no domingo (22), o fechamento do Estreito de Ormuz, um dos corredores marítimos mais estratégicos do planeta, responsável por cerca de 30% de todo o petróleo e gás transportados por via marítima no mundo. A medida, ainda dependente do aval do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, surge como retaliação aos recentes ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, elevando a tensão geopolítica na região do Golfo Pérsico.

A importância do Estreito de Ormuz para o mercado global

O Estreito de Ormuz é um gargalo vital para a energia mundial. Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), mais de 21 milhões de barris de petróleo passam diariamente pelo estreito, que conecta o Golfo Pérsico ao Oceano Índico. Países como Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Catar e o próprio Irã dependem desse canal para exportar petróleo e gás natural liquefeito (GNL).

A possibilidade de fechamento já provocou alerta máximo nos mercados globais. Analistas internacionais afirmam que qualquer interrupção no fluxo pode gerar um choque imediato de oferta, impulsionando os preços da energia e afetando a economia mundial. De acordo com projeções citadas pela Bloomberg e pela Exame, o barril de Brent, atualmente negociado entre US$ 78 e US$ 81, pode saltar para US$ 120 a US$ 130, e em cenários extremos ultrapassar os US$ 150.

“A ameaça de bloqueio em Ormuz representa um dos maiores riscos geopolíticos para a segurança energética global nos últimos anos”, diz Helima Croft, estrategista-chefe de commodities do RBC Capital Markets.

Impactos para o Brasil: preços dos combustíveis, inflação e economia

O Brasil, embora seja um dos maiores exportadores mundiais de petróleo — produzindo cerca de 1,5 milhão de barris por dia —, ainda depende fortemente de importações de derivados. O país importa aproximadamente 20% do diesel e 7% da gasolina consumidos internamente, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Consequências imediatas para o consumidor brasileiro

Economistas, como Júlio Paschoal e Diego Dias, alertam que uma disparada nos preços do barril pode afetar diretamente os preços dos combustíveis, do gás de cozinha e da energia elétrica gerada em termelétricas a óleo. Segundo Paschoal, caso o barril atinja US$ 130, o Banco Central pode ser forçado a elevar a taxa Selic acima de 15% ao ano, reduzindo investimentos, consumo e empregos.

Além disso, o aumento nos custos de frete e seguros marítimos tende a pressionar o transporte rodoviário, elevando os preços dos bens de consumo e, principalmente, dos alimentos — aumentando a inflação e prejudicando o orçamento das famílias. Conforme análise do Poder360, a elevação do petróleo pode fortalecer a balança exportadora brasileira, mas dificilmente compensará os impactos negativos no mercado interno.

“O choque de petróleo é inflacionário. Cada alta de US$ 10 no barril pode pressionar a inflação em até 0,2 ponto percentual, dificultando a queda de juros no Brasil”, destaca estudo da revista VEJA.

Pressão sobre dólar, importados e agronegócio

A valorização do petróleo tende a pressionar o dólar, tornando produtos importados — como trigo, azeite, fertilizantes e defensivos agrícolas — ainda mais caros. O agronegócio brasileiro, que depende fortemente de insumos derivados do petróleo, como a ureia, sente o impacto duplamente: custos de produção sobem e exportações ganham competitividade, mas a inflação corrói margens e pode limitar o consumo doméstico.

Riscos geopolíticos e reações internacionais

O fechamento do Estreito de Ormuz pode provocar reações diplomáticas e militares, agravando ainda mais a instabilidade na região. Os principais mercados financeiros já refletem esse cenário: o prêmio de risco associado à energia está subindo, e grandes bancos internacionais, como JPMorgan e RBC, recomendam cautela a investidores.

Os Estados Unidos, que recentemente aumentaram sua presença naval na região, reforçam que manterão as rotas marítimas abertas, mesmo que isso implique em confrontos diretos. Países europeus e asiáticos, grandes importadores de petróleo do Golfo, também manifestaram preocupação e defendem o diálogo para evitar uma escalada do conflito.

Petrobras e políticas de preços: expectativa e cautela

A Petrobras informou que acompanha o cenário internacional, mas considera prematuro qualquer reajuste nos preços dos combustíveis internos. A estatal destacou a existência de rotas alternativas e o fluxo preservado para importação de petróleo leve, além de seguir as tendências do mercado global para formação de preços.

Próximos passos: decisão do aiatolá Ali Khamenei

O futuro do bloqueio depende agora do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final sobre a implementação da medida. Enquanto isso, autoridades brasileiras monitoram os desdobramentos, avaliando possíveis medidas preventivas para proteger o mercado interno e evitar um choque maior de preços.

“O momento é de cautela máxima. O mercado está operando sob incerteza, e qualquer movimento no Golfo Pérsico pode ter consequências globais imediatas”, analisa Diego Dias, economista e pesquisador de energia.

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